Quando a pessoa cai em si e constata que tinha tantas boas razões para não fazer, é natural que saia de circulação e até se esconda em algum recôndito como quem perdido de si busca algum escaninho para se reencontrar.
Tudo se resume a uma simples questão de ter ou não ter vergonha.
As pessoas decentes se envergonham dos seus erros e se o erro não resultou em prejuízos aos outros, ainda assim, mesmo que ninguém saiba, se retraem em silêncios e se entregam às suas penitências.
Nos envergonhamos também do mal feito dos parentes, e até mesmo das escorregadelas dos amigos, isso tudo porque não queremos a nossa boa reputação chamuscada.
Mesmo sabendo que cada um responde pelo que faz e nós outros não tendo contribuído em nada para a ação reprovável tudo o que não queremos mesmo é que não nos envolvam nos erros alheios.
Não são poucos os pais que sofrem em silêncio, chorando pelos cantos para ninguém ouvir, não contendo em si a vergonha de saber que o filho é procurado pela polícia e, pior, negando a verdade aos outros lá fora, mas sabendo no fundo, no fundo, que a policia está certa.
Como advogado e depois como Juiz, ouvi de muitas mães histórias comoventes que me contagiaram o coração mas que por suas verdades jamais vergariam a lei.
Quando não há mais freio, não há mais vergonha.
Edson Vidigal*
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