domingo, abril 26, 2009

Alimentei corvos e abutres

 

Alimentei corvos e abutres
E arrancaram meus olhos
Por muito tempo
Os alimentei
Se fizeram robustos
Cega!
Completamente cega!

Não existiam sons
Nem de asas
Nem grulhar
Eram adestrados
Os corvos e abutres
Se misturaram aos urubus
Imundos e vorazes
Quantos são!
E insaciáveis queriam,
Querem
Bicar, extirpar, devorar
As entranhas

Não contavam
Com a regeneração
Da visão
Que retornou
No tempo decidido
Por Ele maior
Pude ver!
Deixaram
Penas fétidas
De seus rastros!

Esvoaçam
Barulhentos
Escandalosos
Propagam suas vergonhas
Aos urros,
divulgam seus crimes
Sujos de alma
Imundos de princípios

Quantos são!
Há tempos voando neste céu!
Encontraram suas carniças.
Querem os ossos!

A visão passada
retornou
Exacerbada
Memorial
Aguçada
Agora presente
Vejo o inferno

Arrancados serão
Os olhos
dos que pairam
nestas trevas
e  sem pena,
penas,
não será permitida
a regeneração
 
Ana Maria C. Bruni

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